A situação tende a ficar mais grave no Semiárido por causa da seca a partir deste mês, segundo coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas, da rede de organizações Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Antônio Gomes Barbosa. Pelas previsões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a chuva pode ficar aquém do previsto na última semana de novembro. A previsão é que chova em janeiro 2013, em algumas cidades e abaixo do volume necessário para reverter o cenário.
“A seca deve castigar a região em 2013”, avaliou Barbosa, alertando que as águas estocadas em 2011 acabaram em alguns municípios. O problema, segundo ele, não está limitado às zonas rurais. “Várias famílias abandonaram casas e roças e foram para as cidades. Parte dos animais, base econômica de muitas famílias, foi perdida. Cidades relativamente grandes são abastecidas exclusivamente por carros pipas”, contou.
Segundo Barbosa, o governo não se preparou para a estiagem, apesar de as organizações alertarem sobre a possibilidade de agravamento. “Agora temos que ter medidas emergenciais para garantir comida e água de qualidade para as pessoas e para os animais. Não tem outra fórmula, mas isto não tem sido feito. Muita água aque seria distribuída não chega às famílias por falta de estrutura e porque alguns governos demoram até três meses para pagar os caminhões”, disse.
Para o coordenador da ASA, o problema da seca no Semiárido “não é um problema da natureza, mas um problema político”. Barbosa defende a ampliação de investimentos em infraestrutura hídrica que possibilitariam o convívio das populações com a seca característica do Semiárido. “É preciso construir cisternas, barragens subterrâneas, armazéns para alimentos e casas de semente. Se tivesse estrutura, a seca teria passado despercebida. Construir a infraestrutura hídrica necessária é barato. Construir 1 milhão de cisternas é garantir água para todos ao custo de um quarto do que está sendo investido na transposição do Rio São Francisco”, defendeu.
Pelas contas de organizações sociais, a construção de cisternas representaria investimento de R$ 2 bilhões. Somando todas as estruturas necessárias para a região, o valor chegaria a R$ 11 bilhões, que iriam assegurar, segundo Barbosa, melhores condições para a população enfrentar a próxima estiagem. “É valor baixo se considerar o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que é de R$ 19 bilhões. Metade dos agricultores familiares está no Nordeste. Não se pode pensar em agricultura familiar no Semiárido apenas com custeio, precisa ter investimento”.
As informações são da Agência Brasil