O juiz federal Flávio Roberto de Souza – afastado do cargo e do processo em que o empresário Eike Batista é réu – confessou ter desviado mais de R$ 1 milhão de dinheiro apreendido pelo Tribunal Regional Federal. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que investiga o magistrado pelos crimes de peculato, subtração de autos, fraude processual e lavagem de dinheiro.
Segundo o MPF, que teve seu pedido de prisão preventiva negado pela Justiça Federal, o juiz disse ter tirado dos cofres da 3ª Vara Criminal do TRF 108 mil euros e US$ 150 mil em espécie – o equivalente a R$ 835 mil. A declaração teria sido feita durante a auditoria da corregedoria do TRF, iniciada após o juiz ser flagrado dirigindo o Porshe de Eike apreendido durante processo por crimes financeiros.
Flávio Roberto de Souza ainda teria proferido decisões para desviar outros R$ 290 mil depositados na Caixa Econômica Federal. Os valores do desvio, somados, chegam R$ 1,12 milhão.
Segundo as investigações, o dinheiro retirado do cofre da 3ª Vara Criminal teria sido apreendido com um traficante internacional de drogas. Na ocasião, o equivalente a R$ 600 mil confiscados neste caso e mais R$ 27 mil dos R$ 116 mil apreendidos na casa de Eike Batista desapareceram dos cofres do TRF. O Ministério Público afirma que Flávio Roberto de Souza articulou a guarda do dinheiro para possibilitar o desvio do processo do traficante.
Apesar de negar o pedido de prisão preventiva ao magistrado, o Tribunal Regional Federal autorizou o afastamento de sigilo fiscal e bancário de Flávio Roberto de Souza, pedido pelo Ministério Público Federal. A Justiça também concedeu mandado de busca e apreensão das quantias supostamente desviadas pelo juiz.
Procurado pelo G1, o magistrado não foi encontrado. Em contatos anteriores, Flávio Roberto se disse proibido pelo TRF de dar entrevistas.
Fonte> G1