Crônicas de um homem de farda

                                            (PASSEI OITO HORAS E MEIA  AO LADO DO CORPO DE UM AMIGO).

A vida nos ensina e nos mostra o que a humanidade insiste em não querer ver, por mais que ela seja mostrada

através da dor, a humanidade coloca uma venda chamada indiferença e desrespeito. Não foi a primeira vez que aconteceu de eu perder amigos, mas sempre parece ser a primeira vez, e todas às vezes vêm sempre às mesmas perguntas: e se fosse eu? O que seria de minha família? Será que o sistema iria dar condições de vida para meus familiares? Outras perguntas que não me saíram da cabeça foram: e se fosse igual à primeira vez que eu perdi amigos através de uma emboscada? Os meus amigos de farda teriam outra reação? As autoridades iriam dar mais importância? Os órgãos responsáveis pelos desfechos de ocorrências na área da segurança pública iriam tomar providência de imediato ou será que não importa como um colega de farda morra, as ações e reações serão as mesmas?

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Analisei o acontecido em uma reflexão bem profunda do contexto em questão porque tive bastante tempo: oito horas e meia vendo o corpo do meu amigo no chão, ao mesmo tempo em que via outro cidadão perto do meu amigo, uma pessoa que venceu na vida e veio trazer o resultado da sua conquista no exterior para cidade natal, dando chance a outras pessoas também vencerem na vida.

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Vi que, dois seres humanos, dois cidadãos que tinha muito a contribuir, como já contribuíam a comunidade de Tucano, sendo praticamente abandonados pelo sistema político a dezenas de anos falido, onde não houve diferença moral entre o animal a as duas vítimas. Com certeza o dono do animal vai repor a perda com a compra de outro animal substituto, e provavelmente vai criá-lo igual ao outro, largado correndo o risco de provocar outro acidente e tirar outras vidas.

 

E as famílias das duas vítimas? Elas não podem comprar outro David e outro Grampão para substituí-los. Não estou querendo justificar a imprudência no que se refere à velocidade no qual se encontrava o veículo, porque vários fatores levaram a este desfecho, um deles é o costume das pessoas que tem certo poder político insistir em quebrar todas as leis, para se engrandecer sobre os órgãos de segurança pública, para unicamente adquirir poder eleitoral usando da ignorância daqueles que infringem a lei e acham que não estão fazendo nada de errado, deixando os órgãos de segurança pública com as mãos atadas e no meio dessa guerra de interesses se encontram os humildes mortais chamados cidadãos de bem que, terminam sofrendo as consequências.

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Será que se os animais que eram detidos ficassem realmente retidos a uma área própria para detenção e não tivessem a interferência dos maus políticos soltarem, e se as leis de trânsito não fossem dribladas pelos padrinhos no que se diz respeito ao uso do capacete, cinto de segurança e outras leis já em vigor, o resultado não teria sido outro?

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Infelizmente tive o desprazer de constatar que muitos dos habitantes de Tucano não tem ética moral e respeito ao próximo dentro do seu conceito de vida, chegando ao ponto de até querer passar por cima dos colegas de serviço que faziam a segurança da área, tal como, do meu amigo já sem vida caído no chão, sendo preciso os colegas colocarem a própria vida em risco para proteger um combatente que morreu para ajudar um amigo que, infelizmente, partiu junto com seu e nosso companheiro.

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Por duas vezes o céu chorou, senti as lágrimas das nuvens no meu rosto molhando o uniforme em meu corpo, ao mesmo tempo em que eu segurava as minhas. Testemunhei o nascer do sol e junto com o calor do mesmo, reforcei meu conceito de vida e usei o brilho de um novo dia para erguer a cabeça e junto a Deus pedir que venha eu e meus amigos ter uma vida digna e real, sem faz de conta, fábulas e historinhas para criança dormir, pois nós só temos uma vida.

 

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Por: Augusto .

Cometários

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