Mudança da feira livre de Tucano para sexta-feira: Você aprova essa idéia?

Lembro-me quando criança residia na zona rural, épocas difíceis, em todos os sentidos, não existiam estradas, é bem verdade que hoje, ainda não podemos dizer que elas existam. Era uma alegria o final de semana, final de tarde de sábado, eu, meus irmãos, primos vizinhos, nos reuníamos na velha casa à beira da estrada que servia de referência ao aglomerado rural, onde brincávamos embaixo das velhas quixabeiras e baraúnas, enquanto esperávamos os parentes que voltavam da cidade, com seus cavalos, burros e jumentos, carregados de novidades que havia adquirido na boa e velha feira livre de Tucano, em mais um sábado de comércio em suas barracas, na praça da matriz e/ou no mercado municipal.

 

Éramos incapazes de medir a felicidade ao ver as compras da semana: bolacha fofa, bolacha de canela, pão, pirulitos de mel, doce de batata, rapadura entre outras gulozeimas que nós, crianças felizes, adorávamos fazer a festa com tudo aquilo que víamos. A felicidade era ainda maior, quando ganhávamos brinquedos: as mulheres, bonecas de pano e os homens carrinhos de lata para os menores e o velho BADOGUE (estilingue) para os de idade um pouco mais avançada.

 

Oh! velho e bom tempo que não volta mais e vai ficar para eternidade no pensamento daqueles que viveram tudo isso. Tempo em que as notícias daqueles que viajavam em busca de aventura por uma “vida melhor”, só chegavam através de carta que chegavam a Tucano aos cuidados de alguém que residisse na cidade. Na maioria das vezes assim diziam meus avós, todas as correspondências vinha aos cuidados do Senhor Milton Ferreira, ou Hélcio Andrade, que em seus estabelecimentos comerciais recebiam e repassavam aos seus reais destinatários.

 

Você pode está se perguntando o que isso tem de relação com mudar ou não a feira livre de Tucano para as sextas feiras?

Nasci, cresci e estou ficando velho, hoje com 38 anos, sempre vi de perto as feiras acontecendo aos sábados, mudando para sexta apenas quando no sábado acontecia alguma comemoração importante, (datas comemorativas, feriados e festas importantes) as quais algumas dessas festas nem existem mais. Acompanhei de perto a evolução: os cavalos, jegues e burros, primeiro foram trocados por tratores com reboques, jeeps, veraneios, rurais, caminhonetes e caminhões pau de arara, chegando por últimos às motos e os ônibus. As estradas! Ah! As estradas melhoraram um pouco e as correspondências, também se aperfeiçoaram. A carta passou a vim direto para a agência dos correios e seus destinatários passaram a pegar na própria agência. Claro que diminuíram o número de cartas já que a pessoa podia utilizar também o telefone público com ficha que tinha na farmácia do Sabino e na panificadora Santana ou ainda utilizar do serviço via telefonista que era fornecido pela Telebahia (acho que deveria haver mais telefones públicos em outros locais) mais eu era apenas um menino e não conhecia além dos limites da praça da matriz, praça da bandeira, praça da caixa d’água e Rua 7. Mas com o passar do tempo tudo isso mudou, menos a feira livre de Tucano.

 

Os anos passaram, eu cresci meus amigos, vizinhos também, a velha casa foi derrubada, as quixabeiras e baraúnas viraram lenha que abasteceu as olarias na produção de telhas e tijolos para acompanhar a evolução da cidade que já se comunicava através do telefone celular, da internet, das redes socais e muitas das coisas que vimos um dia, fomos esquecendo e aprendendo coisas novas dando lugar para preencher com o avanço do mundo das tecnologias.

 

Tudo mudou e nada mudou em relação ao nosso sábado, onde o comércio de Tucano recebe gente dos mais distantes pontos do país, para comprar e para vender os seus produtos.

 

Durante muito tempo defendi que a feira livre nunca deveria mudar do sábado para outro dia, mas descobri com o passar dos anos que isso tem prejudicando bastante nossos trabalhadores, pois a legislação trabalhista garante que ninguém deve trabalhar mais do que 44 horas semanais e mesmo a assim existe no Brasil inteiro, uma corrente de luta para que se diminua a carga horária de trabalho para apenas 40 horas semanais.

Atualmente defendo que isso seja cumprido e em nosso caso podemos começar mudando-se a feira livre, para que todos aqueles que trabalham no comércio já possam ter essa carga horária reduzida.

 

Sabemos que será uma mudança em algo que acontece desde a emancipação da cidade, não será fácil, no entanto não será impossível. Mudanças têm que acontecer em nossas vidas para que possamos crescer. Existe muita gente contrária a essa mudança, mas ela só vem pra melhorar não apenas a vida do trabalhador, mas também do comerciante que terá o número de concorrentes diminuído, já que a feira irá coincidir com a feira de muitas cidades vizinhas.

 

Conclamo a CDL, as associações, as igrejas que guardam o sábado, a sociedade civil organizada, a câmara de vereadores, o gestor municipal, a pensar nessa hipótese de mudança, se for o caso fazer um plebiscito e ver o que a população pensa disso tudo.

Vamos levantar essa bandeira, vamos gritar numa só voz uma mesma frase.

Queremos a Feira livre de Tucano, acontecendo nas sextas feiras!

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Por: Adenilton Rocha

Cometários

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