Alzheimer leva a vida sem memória

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20140502075355_doencaUma vida sem passado e sem presente. Assim é a realidade de quem sofre de Alzheimer. No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Seis por cento delas sofrem do mal, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). No entanto, apesar de ser uma doença degenerativa  atualmente incurável, o apoio da familia e o tratamento adequado pode manter a doenca estabilizada.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda de uma ou mais funções cognitivas. Ela é progressiva e provoca o declínio das funções intelectuais, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social. A doença passa por três estágios: leve, moderado e grave. Nessa última fase, o paciente não reconhece mais ninguém e perde totalmente a autonomia. Explicou Josecy Peixoto, médica e coordenadora do núcleo de residência de geriatria do Hospital de Irmã Dulce.

Causas

De acordo com a especialista, a doença pode se manifestar em indivíduos a partir dos 50 anos. No entanto, a predominância em idosos acima dos 80 anos é de 20%. As causas da doença ainda não são consenso na ciência. “O Alzheimer é resultado da genética e fatores ambientais, ou seja, a forma de vida do individuo. Por ser uma  doença degenerativa, os sintomas podem  aparecer de muitas formas desde um pequeno esquecimento que pode se confundir  com os sintomas típicos do envelhecimento até alterações comportamentais que variam  da  agressividade até a perda total da memória. Por isso, é de fundamental importância que o idoso e os familiares fiquem atentos aos sintomas e busque uma avaliação clinica que é a forma mais soberana de diagnostico”, orientou.

Uma das explicações para a doença se manifestar   em pessoas com  mais idade  é porque nessa fase da vida ocorre a morte dos  neurônios, levando  a uma disfunção cerebral. Algumas manifestam os sintomas   de forma mais leves, outras mais graves.  Segundo  a médica, o tratamento realizado atualmente a base de medicamentos,  não é curativo mais estabilizador.

“O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família. Mas, vale salientar que o afeto das pessoas mais próximas é o mais benéfico”.

Na Bahia, segundo Peixoto,   da população de   idosos do   Estado   estimada   em  mais de 1 milhão, cerca de 6%   sofre de  Alzheimer. Segundo informações do Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi), de janeiro a dezembro de 2013 foram realizados num total de  4.658 atendimentos na capital de geriatria ou gerontologia, destes 36% são casos  de Alzheimer.

A unidade além de assistência médica também tem uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais, fisioterapeutas, psicólogos e  núcleos de apoio  aos familiares e cuidadores. Os medicamentos para portadores da  doença de Alzheimer são distribuídos gratuitamente pela unidade  na capital e interior do Estado.

Amor é o melhor tratamento

Geralmente o que o inconsciente coletivo está habituado a visualizar são mães abdicando do trabalho, e em muitos casos da vida pessoal, para cuidar dos filhos.   Mas com a auxiliar de serviços gerais, Elizete Farias de Souza, de 55 anos, foi diferente.   Ela deixou trabalho e projetos pessoais para se dedicar a  mãe que há mais de que dez anos sofre de Alzheimer.

Segundo Elizete, a mãe, dona Odete Farias, de 88 anos, carinhosamente chamada por ela de “Minha Veinha”, começou a apresentar alguns sintomas de esquecimento, mas a família achava que era da idade e deixava passar. Ela conta que  quando dona Odete começou a esconder objetos e a  ficar agressiva que ela percebeu que precisava investigar o quadro de saúde da mãe.

”Minha mãe teve dez filhos. Sempre foi uma mulher ativa cuidava dos netos e de repente ficou distante esqueceu de tudo.  Ela não fala, não anda, não reconhece mais nenhum dos filhos depende de alguém para alimentá-la, dar banho ou seja para tudo. É uma doença cruel, a pessoa fica sem história. Não podia deixar ela passar por esse processo tão difícil  com alguém desconhecido. Essa foi a forma que encontrei de retribuir tudo que ela já fez por mim”, disse.

No caso do aposentado José Lourenço da Silva, de 83 anos, a doença não lhe tirou toda a memoria. Com  muita dificuldade na fala ele diz que  lembra dos filhos e da esposa, mas que fica nervoso quando não consegue lembrar de coisas recentes.  A esposa, Juraci Oliveira da Silva diz que a família sofreu muito no início por não saber do que se tratava. “Ele ficava nervoso por causa dos tremores nas mãos e do esquecimento. Fomos tentando nos acostumar com a nova realidade. Atualmente ele faz tratamento de fisioterapia e faz usos de medicamentos. Mas o apoio dos filhos e o meu é o melhor remédio que ele tem”, afirmou.

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