O Dono da Bola

rm veiculos
garra de aguia
Adenilton Rocha

Adenilton Rocha

Hoje quero escrever para as crianças, pois já fui criança um dia e ouvia dos meus familiares, amigos e professores, que eu, assim como milhares de crianças brasileiras, era o futuro da nação. O tempo passou e eu e os outros milhares de crianças, também passamos juntos. Crescemos e continuamos ouvindo e repetindo os mesmos dizeres, a todas as crianças.

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 Não sei se o futuro não veio ou os donos da verdade, não eram tão verdadeiros assim, e fez com que crescêssemos ouvindo muita conversa fiada proferida por sofistas e vendedores de ilusão. Alguém pode se perguntar o que e por que estou escrevendo hoje, falando de um passado que serve apenas para fazer histórias e estórias, que para uns serve como verdade e para outros é apenas mais um falatório para matar o tempo.

 Nesse pequeno texto eu lembro a infância dura de estudante da zona rural que tinha que escolher entre estudar ou trabalhar, ou então optar por ambos e ver redobrarem as dificuldades, mas enfrentar corajosamente as barreiras e chegar aos dias de hoje sabendo separar o real interesse dos donos da verdade e dos sofistas.

 Para ilustrar esse pequeno relato, quero falar de um texto que li quando criança, e utilizei aqui como título. É um texto do livro Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias, de Ruth Rocha, do ano de 76 e que fala de um menino, o mais enjoado de toda a rua, o típico menino marrento e que se acha filho do rei ou o próprio rei. E ele era desse jeito marrento, só porque foi lhe dado o direito de ser o dono da bola. Por isso ele se achava capaz de determinar quem jogava que horas ia começar o jogo, quem saia do jogo, e quando ele era questionado… Aí o bicho pegava, e ele trocava farpas com todo mundo fazia e acontecia, pois ele morava na casa mais bonita da rua. Os brinquedos que tinha vocês não podem imaginar. Ele tinha tudo, exceto a humildade de entender que ele era só mais um dono da bola e que depois de algum tempo a bola não vai mais está com ele. Ele nunca aceitava ser criticado, nem entendia que quando você é dono da bola, as atenções estão voltadas para você. E não precisa esbravejar, dizendo: isso pode! Isso não pode! agora você é zagueiro e ele é atacante, etc, etc, etc.

 Trazendo isso para nossa realidade, eu quero lembrar que nesse jogo, você pode ser o dono da bola, dos uniformes, do campo, mas não é dono do tempo. Nesse jogo não existe prorrogação e pênaltis, ele se define no primeiro tempo, e uma vez ou outra num segundo tempo, algo improvável, quando se tem jogador marrento e equipe técnica sem táticas de jogo. Onde toda vez que a gente que joga junto no mesmo campo, com táticas corretas de jogar bola, tem que se calar. Porque se reclamar o jogador marrento que está cuidando da bola começa a gritar! Que é isso seu juiz, se o senhor continuar marcando esse jogo assim! Eu não quero mais jogar! Dá aqui minha bola! Que o jogo acabou.

Calma! Dono da bola! Não vá embora, tenha espírito esportivo, jogo é jogo… Aceita as críticas, ou continue no time do “Faz de Conta”, que é um time lá da rua de cima.

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Por: Adenilton Rocha - Diretor de Comunicação e Imprensa do SINDSMUT

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